Domingo, 23 de Novembro de 2003

...a viagem...

...Num tremendo desejo de sentir a beleza da descoberta, fiz as malas da imaginação e pus-me a caminho....
...Nada levei comigo a não ser o meu corpo, capa duma alma que albergo em profundas vagas de alterosos mares de espuma sedosa que salpicam o meu ser quando o vento toca o meu coração e o sinto bater...
...O caminho era longo e penoso e ao fim de muito tempo, a chuva caiu dentro do meu peito e senti um frio estalar dentro de mim quando o desejo de parar me invadiu...
...Mas o coração bateu ainda mais depressa e rapidamente o calor voltou ao meu corpo e pude prosseguir a viagem...
...Ali ía eu à descoberta da beleza! E saber onde a encontrar?...
...Difícil tarefa a minha...
...Numa árvore, numa pedrinha?...
...Nos seres humanos que comigo se cruzavam?...
...E aquele cãozinho, de rabito a abanar e focinho a arfar...
...E aquele pássaro lindo, de grandes asas...seria uma águia?...
...Uma árvora frondosa, de ramos pendentes, de folhas verdes como que me convidando a descansar...
...e, foi aí que me quedei, para descansar um pouco o meu corpo...
...a imaginação, essa, galopava ainda...não parou...
...estendi meu corpo debaixo daqueles ramos frondosos e por entre eles eu divisei o sol amarelado que se propunha esconder para lá daquelas montanhas...estaria lá o mar?...
...o cansaço me venceu...
...adormeci...
...e, aí, a viagem começou.

Era um rio azul que corria lentamente baralhando-se nas pedritas no seu leito depositadas; meti os meus pés doridos naquela água pura e fresca e senti uma paz invadir-me e um sentimento de prazer me invadiu a mente...que beleza tão grande ali ao meu lado e eu à procura da beleza...que estupidez a minha...tudo tão perto e eu não via...mas agora era um sonho e aquilo não existia, só pensava que sentia...mas, eis senão quando, um pouco mais abaixo da corrente, um corpo brilhante ofuscou a tranparência daquelas águas daquele riacho azul de fresca ondulação presenteando os meus cansados pés...olhei mais fortemente e notei um pouco mais nítido que era um corpo de mulher...transparecia um dourado prata de cinzentos azulados e vermelhos saltitantes, reflexos se calhar do sol que se escondia cada vez mais...
...saltei por cima das pedritas do leito daquele riacho e corri ao encontro daquela imagem...pensei, num instante, se não seria ali que estava nascendo um arco-íris, mas não chovia e arco-íris não seria...o meu coração começou a arfar ainda mais e os meus pés correram mais depressa...
...aquele corpo mantinha-se na mesma posição e quanto mais eu me aproximava mais translúcido ele ficava...até que cheguei perto e deparei com uma imagem bela nunca vista: uma mulher transparente de cores vivas e viventes, moviam-se dentro dela, como se ela fosse uma palette de cores dum pintor que não estava ali presente...só eu e ela...
...ela olhou para mim e sorriu-me...
...eu fiquei pasmo de loucura...quem foi que me tinha dito que a beleza não existia?... Estava ali o fim da minha viagem, a razão da mesma...a beleza existe...
...deixei transparecer também um sorriso para ela e ela me estendeu a sua mão...ao de leve e com medo toquei nos seus dedos e senti minha mão fundir-se naquela mistura de cores vivas e brilhantes em forma de mulher...
...nada a cobria a não ser o brilho dourado da prata ao pôr do sol...e eu quedei-me perante algo de maravilhoso...
...senti-me puxado para ela e senti meu corpo misturar-se naquele corpo...senti matéria perante mim e toquei ao de leve naqueles cabelos louros brancos da cor do marfim...meu toque foi correspondido e senti seus braços me abraçarem...a partir daí não sei mais explicar...senti-me vogar e do ar vi a árvore onde estivera descansando e o riacho com de azul...num repente uma núvem nos envolvia e num deleite precioso senti-me leve e deixei-me transportar e ser levado por aquele ser tão belo que jamais havia visto em toda a minha vida...
...nessa núvem me senti extasiar e ficar possuído dum desejo incalculável de prazer e o seu corpo me envolveu numa carícia completa; não era uma carícia na face ou num ombro, era uma carícia no corpo inteiro...senti-me entrar dentro da beleza e ser possuido por ela...cheirei seu corpo...afundei-me nos seus cabelos...ondulei-me nos seus seios e bebi os seus lábios...seu corpo de tão transparente e brilhante me ofuscava ainda mais e cada vez mais o meu desejo me impelia para a fusão dos corpos num misto de carícia e ternura, onde já nada se vê, apenas se procura...o tacto me transcendia e me enlouquecia...a beleza estava ali e eu dentro dela, numa possessão de felicidade e de prazer jamais experimentados...
...durou uma eternidade todo aquele estado de viagem dentro da própria concepção da beleza...nada do que pudesse existir neste mundo se poderia comparar à minha experiência...
...senti um frémito no meu corpo e o corpo daquela imagem todo ele se desvaneceu no meio da núvem onde estavamos...senti-me sair de dentro da luz e novamente os meus pés pisaram a água fria do riacho azul...
...o azul da madrugada me cobria ainda...
...quando acordei a luz do sol já me aquecia...
...peguei em mim próprio e voltei para casa...
...a beleza existe apenas na nossa mente e tudo o que a nossa imaginação criar...para quê procurar a beleza se ela está dentro de cada um de nós?...
publicado por quim às 17:12

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