Sexta-feira, 30 de Abril de 2004
...logo à noite, em quarto crescente o fogo me rodeará e me transportará para legendárias paragens onde o amor que fecunda a terra torna real a lenda que encanta ...
(photo from:
www.druidry.org)
Quinta-feira, 29 de Abril de 2004
...para todas vós, mulheres do meu mundo das palavras, neste botão de rosa, o meu beijo eivado de pureza mas, ao mesmo tempo, de sensualidade, de ternura e de serenidade...
Quarta-feira, 28 de Abril de 2004
...há um ano, encontrei-a aqui; há um ano que a tento preservar...
Terça-feira, 27 de Abril de 2004
...velhinha e decrépita ainda se sente viva entre a do Infante e de S. João...para lá ainda fica a do Freixo e para trás a de D. Luís e a da Arrábida...onde será construída a sétima?
Segunda-feira, 26 de Abril de 2004
...visto de Gaia por entre as velhinhas árvores de ramos erguidos ao sol da tarde...
Domingo, 25 de Abril de 2004
...não tenho cravos para te lembrar mas tenho rosas para te ofertar...
Sábado, 24 de Abril de 2004
Deixem-me ser um poema!
deixem-me ser todo eu um livro;
queria ser todo eu algo escrito,
algo para dizer ou ser dito!
queria ser todo eu um poema
para num livro à tua cabeceira pousar,
sentir-me ser lido
e nas tuas mãos versejar.
deixem-me ser um poema!
se o livro que desejo ser,
em livro um dia se tornar,
que seja o livro do livro lido
por todos os que precisam de amar...
sou assim, o poema desta manhã,
as palavras desta tarde
e os sons desta noite;
sou a manhã deste poema
e a tarde destas mesmas palavras,
a noite dos sons do fogo que arde...
sinto assim a sua fragrância,
numa ânsia
de palavra dita
ou mesmo de palavra escrita...
sinto o odor do poema versejado,
ouvido,
relido,
mirado,
querido
ou até mesmo...odiado...
sinto o cheiro da palavra que escrevo
ou da palavra que leio...
sinto o poema dentro de mim
com a manhã a nascer em ti
ouvindo a tarde adormecer
na noite do teu sonho de prazer...
sinto-me poema...
sinto-me palavra...
sinto-me viver...
deixa-me ouvir...
deixa-me ler...
porque não quero sentir a dureza do insulto
que o silêncio em mim provoca...
não quero ouvir os gritos lancinantes
dum silêncio que tanto me choca...
quero ouvir as palavras ditas...
quero ler as palavras escritas...
quero ouvir os sons que elas me trazem...
quero ler as tonalidades que elas fazem...
quero sentir o impacto do dito...
quero sentir o embate do grito...
não quero ler a palavra não escrita...
não quero ouvir o silêncio do livro vazio...
não quero escutar o silêncio do não dito...
quero sentir a pureza da voz
que a palavra escrita me traz...
quero sentir o estrondo do grito
que a palavra dita me faz...
quero sentir que és...
quero sentir que estás...
quero sentir as palavras
e quero os livros com elas gravadas!...
deixem-me ser um poema!...
escrevo assim
o poema desta manhã
com as palavras da tua tarde
e os sons da nossa noite,
e, se a noite chegar,
sem que a manhã tenha surgido,
não tenhas receio,
não tenhas medo,
porque mesmo assim eu te leio...
Sexta-feira, 23 de Abril de 2004
...nada mais; apenas o meu rio visto de um diferente ângulo...
...um cartaz de Carla de Jesus com um poema meu...
Terça-feira, 20 de Abril de 2004
...Faz hoje 18 anos que já não estás cá, que já não estás a meu lado mas também não podes, não é ? Estás noutro local, um local para onde foste já há algum tempo, um local de sossego, de paz, não é ?
...Tenho saudades tuas, pai !
...Lembras-te do dia em que partiste, do dia em que nos disseste até breve ? Lembras-te dos dias em que sempre estiveste a nosso lado, lembras-te de tudo de bom que se passou antes de ires, lembras-te de tudo de mau que se passou antes de ires ?
...Recordas o dia em que eu nasci, recordas o dia em que passaste ao estatuto de pai ? Sei perfeitamente que te recordas e que só por isso te valeu a pena viveres; sei que viveste em função dos teus, daqueles que faziam parte da tua própria vida, daqueles que eram a razão da tua existência.
...Sei muito bem o quanto sofreste por mim e por todos os teus; sei perfeitamente o quanto lutaste para que nada me faltasse, para que tudo estivesse sempre bem.
...Lembras-te do dia em que te faltou algo para que eu não sentisse essa falta ?
...Lembras-te do dia em que não comeste para que eu tivesse comida ?
...Lembras-te do dia em que poupaste nos cigarritos para que tivesse dinheiro para o meu tabaco ?
...Lembras-te do dia em que tiveste de pedir a um amigo para teres dinheiro para mim ?
...Lembras-te do dia, de todos os dias da tua vida em que passaste mal para que em todos os dias da minha vida eu passasse bem ?
...Lembras-te ?
...Faz hoje 18 anos que partiste... no passado dia 19 de Março foi o dia do pai; o dia em que os filhos dão prendas aos pais; o dia em que os filhos beijam os pais com amor e carinho e lhe oferecem uma lembrança para lhes lembrarem que são pais e que só por essa razão vale a pena viver !
...No passado dia 19 de Março foi o teu dia, pai; só que nunca na vida te dei uma lembrança, meu pai; só que na vida que contigo e a teu lado vivi, eu nunca te dei uma prenda.
...E o meu remorso foi a única prenda que no dia 19 te pude dar; o meu sentimento de desespero por nunca o ter feito, especialmente , pai , porque nunca tive a coragem de te dizer o quanto te amei !...
...Obrigado pai e nesse dia em que mais uma vez deveria ter sido eu a dar-te uma prenda, mais uma vez foste tu a dar-me algo que sempre te pedi: o teu perdão.
teu filho