Domingo, 30 de Novembro de 2003
...quando a infinitude finda no nosso finito olhar...
...porque do Castelo de Ourém ele ainda olha por Portugal...
...o ocaso do meu Sol a Oeste do meu quintal...
...quando pergunto a mim mesmo se os animais não pensarão...
Sábado, 29 de Novembro de 2003
...no Convento de Cristo, em Tomar, quase tudo é simétrico...
...a Sudoeste...ao fundo do meu quintal...
...nos dias frios de Sol e quando o vento sopra de Leste...
Sexta-feira, 28 de Novembro de 2003
...no meu ventre não escondo nada
...nem a noite nem a madrugada
...no meu ventre guardo a mágoa
...deste meu peito raso de água
...no meu ventre explode o amor
...que solto ao vento se esvai
...e em pélagos de sangue
...no teu rosto ele cai
...no meu ventre explode o amor
...sentido, dorido, sofrido
...amor passado, presente e futuro
...no meu ventre escondo tudo
...com o meu ventre expludo
...em míriades de estrelas
...que vagueando pelos céus
...enchem os lindos olhos teus
...no meu ventre escondo as palavras
...do meu ventre dou à luz as palavras
...do meu ventre
...de bem dentro de mim
...me dou completo
...hoje estou triste...não vejo os "meus" pardais...apenas os ouço em chilrros aflitos como que querendo fazer parar o vento ou a chuva que teima em cair...
...ouço-os deste canto do meu canto e mesmo vendo a plúmbea cor do céu escurecer sugiro a mim mesmo uma "conversa" com os meus pardais... queria abrir-lhes a porta para eles entrarem e virem conversar comigo...
...entravam dois ou três, ou quatro, não sei, os que se aventurassem a entrar; para que não entrasse também o frio, fecharia de novo a porta; ficaríamos assim frente a frente, eu aqui onde estou frente a este teclado e eles ali por exemplo no tampo da outra secretária que está à minha frente...
...olharíamos olhos nos olhos e eu, bem eu sorriria... provavelmente eles abririam os biquitos e abanariam as caudas pequeninas numa dança para espalhar as pequeninas gotas de chuva que ainda trazem...
...estenderia as minhas mãos em concha com alguns bagos de arroz e eles olhariam uns para os outros e iriam aventurar-se a virem depenicar nas minhas mãos em forma de concha, de concha larga desenhada por estas mãos largas em que terminam os meus braços
...um novo sorriso se estamparia na minha face
...seria um motivo de muita felicidade
...depois...se eles deixassem...depositaria um beijinho em cada biquito de cada um daqueles pardais que, fazendo eles o que qualquer ser vivo faz para sobreviver, fazem ainda mais qualquer coisa de muito importante, fazem com que escreva alguma coisa mais nesta manhã de invernia, chuvosa e fria e que, desta forma tão simples, me aquece assim o meu coração...
...sorrir afinal, é simples...
...digam que os animais não sabem o que é posar para a fotografia!...